A banda canadense de rock progressivo RUSH e a filósofa (embora muitos aqui possam discordar) russo-americana Ayn Rand podem parecer ter pouco em comum à primeira vista. No entanto, uma análise mais aprofundada revela uma conexão filosófica entre os dois. O ex-baterista e letrista do RUSH, Neil Peart, foi um admirador confesso de Ayn Rand e sua filosofia do objetivismo, que enfatiza a razão, o individualismo e o livre mercado. Este artigo explora essa conexão, explicando o que é o objetivismo, apresentando as principais obras de Ayn Rand e os exemplos de músicas do RUSH que seguem essa filosofia.

O que é o objetivismo?

O objetivismo é uma filosofia criada por Ayn Rand que tem como base a crença no poder da razão e do livre mercado. Rand acreditava que a razão é a única fonte de conhecimento e que a vida humana deve ser orientada para a busca da felicidade pessoal, sem a interferência do estado ou da sociedade. Para ela, o indivíduo é a medida de todas as coisas e deve ser livre para realizar seus objetivos sem ser coagido por terceiros.

Principais obras de Ayn Rand

Ayn Rand é conhecida por seus romances filosóficos, que apresentam personagens fortes e individualistas que lutam contra a opressão da sociedade. Seus três livros mais famosos são:

  • “A Nascente” (The Fountainhead): Publicado em 1943, este livro é uma história de amor e individualismo que segue um jovem arquiteto chamado Howard Roark, que enfrenta uma série de obstáculos ao tentar realizar sua visão artística em um mundo que valoriza a conformidade.
  • “A Revolta de Atlas” (Atlas Shrugged): Publicado em 1957, este livro é um épico filosófico que descreve uma distopia em que os líderes e produtores do mundo abandonam suas posições em resposta à opressão governamental e social, levando a um colapso econômico.
  • “Cântico” (Anthem): Publicado em 1938, o livro é uma novela distópica que descreve uma sociedade coletivista futurista, na qual as realizações individuais são desencorajadas e a palavra “eu” foi eliminada do vocabulário. O personagem principal, um jovem chamado Equality 7-2521, luta contra a opressão do governo para reivindicar sua individualidade e liberdade.

Músicas do RUSH inspiradas no objetivismo

Neil Peart, o baterista e letrista do RUSH, foi um grande admirador de Ayn Rand e seu objetivismo. Ele citou a filósofa como uma influência importante em suas letras e afirmou que ela ajudou a moldar sua visão de mundo. Algumas músicas do RUSH que refletem essa visão incluem:

  • “2112”: Essa música épica, dividida em sete partes, conta a história de um indivíduo que descobre uma guitarra e é inspirado a criar sua própria música. No entanto, ele é perseguido por uma sociedade opressora que quer controlar sua criatividade.
  • “Anthem”: Inspirada no romance de mesmo nome de Ayn Rand, essa música é um hino ao individualismo e à busca pela felicidade pessoal. “Viva para você mesmo / Não há mais ninguém por quem valha mais viver”, canta Geddy Lee.
  • “The Trees”: Esta música usa a metáfora de árvores que lutam por espaço para ilustrar a luta entre indivíduos e a sociedade.
  • “Freewill”: Esta música é um hino ao livre-arbítrio e à responsabilidade individual. “Se você escolher não decidir, ainda assim terá feito uma escolha”.

A admiração de Neil Peart por Ayn Rand

Neil Peart, o falecido baterista e letrista do RUSH, era um admirador confesso de Ayn Rand e seu objetivismo. Ele leu “A Revolta de Atlas” quando era jovem e ficou profundamente impressionado com a visão da filósofa.

Em uma matéria no Whiplash, há um trecho da entrevista do Neil Peart ao “New Musical Express” onde ele diz: “Certamente nos dedicamos ao individualismo como o único conceito que permite que os homens sejam felizes, sem que alguém tire de outra pessoa. A coisa para mim sobre Ayn Rand é que sua filosofia é a única aplicável ao mundo hoje, em todos os sentidos. Colocando o indivíduo como prioridade, tudo pode ser feito para funcionar de uma maneira que nunca possa ser feito sob qualquer outro sistema”.

Em outro momento, ele completa: “Veja o que o socialismo fez à Grã-Bretanha! é paralisante! E o que ele fez com a juventude? Com o que você acha que os Sex Pistols e todo o resto estão realmente frustrados? Eles estão frustrados porque estão crescendo em uma sociedade socialista em que não há lugar para eles como indivíduo; portanto, você precisa de uma força policial e um exército. Você precisa de um exército para proteger os indivíduos e um tribunal para resolver suas disputas”.

Geddy Lee, baixista, vocalista e co-fundador da banda também fez elogios à obra de Ayn Rand na mesma entrevista. “Acho que ela trouxe muitos conceitos e filosofias que confirmaram muitas coisas diferentes para nós. Achei muito positivo. Encontrei muita verdade no que ela escreve”.

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Música e Filosofia

O RUSH e Ayn Rand podem parecer duas coisas muito diferentes, mas a conexão filosófica entre eles é evidente. A admiração de Neil Peart por Ayn Rand e seu objetivismo é evidente em muitas das músicas da banda, que refletem a ênfase na razão, no individualismo e no livre mercado. Embora essa conexão possa não ser óbvia à primeira vista, ela ajuda a explicar por que o RUSH foi tão popular entre aqueles que compartilham a visão de mundo de Ayn Rand.