O sequestro de Alfred Heineken, o então dono da cervejaria Heineken, é um dos casos criminais mais emblemáticos da história da Holanda. O evento, ocorrido em 1983, não só abalou o país, mas também chamou a atenção da mídia internacional, devido à audácia dos criminosos e à importância do empresário no cenário empresarial global.

Quem foi Alfred Heineken?

Sequestro de Alfred Heineken

Alfred Henry “Freddy” Heineken nasceu em 4 de novembro de 1923, em Amsterdã, Holanda. Ele foi o neto de Gerard Adriaan Heineken, o fundador da famosa cervejaria Heineken. Sob a liderança de Alfred, a Heineken expandiu-se para se tornar uma das maiores e mais reconhecidas marcas de cerveja do mundo. Freddy Heineken era conhecido por sua visão de negócios inovadora, bem como por seu estilo de vida extravagante e por ser uma figura de destaque na sociedade europeia. Faleceu aos 78 anos no dia 2 de janeiro de 2002.

O Sequestro: Planejamento e Execução

Em 9 de novembro de 1983, Alfred Heineken e seu motorista, Ab Doderer, foram sequestrados em frente à sede da Heineken em Amsterdã. Os sequestradores, Cor Van Hout, Willem Holleeder, Jan Boellaard, Frans Meijer e Martin Erkamps, haviam planejado o crime com meses de antecedência. Eles mantiveram Heineken e Doderer em cativeiro por três semanas, exigindo um resgate milionário. A operação foi cuidadosamente orquestrada, desde a construção de uma cela secreta até a forma como foram feitas as comunicações com a polícia.

Os Dias de Cativeiro

Alfred Heineken durante seu sequestro. Sua mão esquerda está acorrentada à parede do armazém.

Alfred Heineken e seu motorista, Ab Doderer, foram mantidos em cativeiro em um armazém abandonado em Amsterdã. Os sequestradores haviam construído uma cela insonorizada, onde Heineken foi acorrentado à parede por 21 dias. Durante esse período, os sequestradores mantiveram contato com as autoridades, exigindo um resgate de 35 milhões de florins holandeses, aproximadamente 16 milhões de euros na época. Heineken relatou mais tarde que os dias de cativeiro foram os mais difíceis de sua vida, uma experiência traumática que deixou marcas profundas em sua psique.

A Reação das Autoridades e da Mídia

O sequestro de Alfred Heineken rapidamente se tornou uma das maiores operações policiais da Holanda. A polícia montou uma força-tarefa para localizar os sequestradores e garantir a segurança de Heineken. Enquanto isso, a mídia cobria o caso extensivamente, mantendo a atenção pública e aumentando a pressão sobre os sequestradores. A natureza de alto perfil do sequestro fez com que ele fosse acompanhado de perto tanto na Holanda quanto internacionalmente.

Negociações e Resgate

Após semanas de negociações tensas, as autoridades holandesas concordaram em pagar o resgate para garantir a libertação de Alfred Heineken. Em 30 de novembro de 1983, Heineken e seu motorista foram encontrados vivos e ilesos em um armazém em Amsterdã, após uma denúncia anônima. O resgate foi pago, mas a polícia conseguiu rastrear os sequestradores através das notas marcadas e das comunicações interceptadas. O resgate foi um alívio para a família e a empresa, mas marcou o início de uma das caçadas humanas mais notórias da história criminal holandesa.

A Captura dos Sequestradores

Cor Van Hout e Willem Holleeder em Julgamento

Após o resgate de Alfred Heineken, a polícia holandesa intensificou as investigações para capturar os responsáveis pelo crime. As pistas deixadas pelos sequestradores, incluindo as notas de resgate marcadas, levaram as autoridades a uma caçada implacável. Em poucos meses, todos os principais envolvidos foram localizados e presos. Cor Van Hout e Willem Holleeder, os líderes do grupo, foram capturados na França e extraditados para a Holanda, onde enfrentaram julgamento.

O Julgamento e as Consequências Legais

O julgamento dos sequestradores de Alfred Heineken atraiu grande atenção da mídia. Cor Van Hout, Willem Holleeder e seus cúmplices foram condenados a longas penas de prisão, embora Holleeder tenha posteriormente se tornado uma figura notória no submundo criminoso da Holanda. O caso estabeleceu um precedente legal para o tratamento de sequestros na Holanda e reforçou as leis contra crimes violentos no país.

O Legado de Alfred Heineken Após o Sequestro

Após o traumático evento, Alfred Heineken decidiu se afastar gradualmente das operações diárias da empresa, embora tenha permanecido uma figura influente no conselho de administração. Ele continuou a investir em segurança e em estratégias de expansão global, contribuindo para o crescimento contínuo da marca Heineken. A experiência do sequestro marcou profundamente Heineken, mas também solidificou sua determinação em manter a integridade e o sucesso de sua empresa.

Cultura Popular: Livros e Filmes

O sequestro de Alfred Heineken não apenas impactou a história criminal, mas também inspirou várias obras na cultura popular. O filme “De Heineken Ontvoering” (O Sequestro de Heineken), lançado em 2011, retrata os eventos do sequestro com detalhes dramáticos. Outro filme que retrata o caso do sequestro milionário é o filme de 2015 “Kidnapping Mr. Heineken” (Jogada de Mestre), onde há Anthony Hopkins no papel de Alfred Heineken.

Trailler do Filme “Kipnapping Mr. Heineken” (Jogada de Mestre), 2015

Além disso, o livro “The Kidnapping of Alfred Heineken” de Peter R. de Vries oferece uma visão aprofundada dos fatos e do impacto que o crime teve na vida de Heineken e na sociedade holandesa. Esses trabalhos ajudaram a manter a memória do caso viva na consciência pública.

O Fim dos Principais Envolvidos

Cor Van Hout e Willem Holleeder, os cérebros por trás do sequestro, continuaram a ter vidas marcadas pelo crime. Van Hout foi assassinado em 2003 em um atentado atribuído a disputas no submundo do crime. Holleeder, por sua vez, ganhou notoriedade como um dos maiores criminosos da Holanda, sendo condenado a prisão perpétua em 2019 por envolvimento em vários outros assassinatos. A história de Holleeder é um lembrete sombrio de como o crime pode se enraizar em algumas vidas, mesmo após cumprir penas severas.

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Conclusão

O sequestro de Alfred Heineken foi um dos episódios mais dramáticos da história criminal holandesa, com impactos que ressoam até hoje. O crime não só abalou a vida de uma das figuras mais proeminentes do mundo empresarial, mas também levou a mudanças significativas na forma como sequestros e crimes violentos são tratados na Holanda. O legado de Alfred Heineken, tanto como empresário quanto como vítima, continua vivo, servindo de inspiração e alerta para futuras gerações.