A Tomada da Bastilha, também conhecida como Queda da Bastilha, foi um evento central da Revolução Francesa, ocorrido em 14 de julho de 1789, é tido como um ícone desse evento. Na França, o dia 14 de julho é um feriado nacional. Essa data tão importante mudou a trajetória não apenas da França, mas sim da Europa e do mundo. Muitas foram as expressões artísticas que usaram da data para expor ideias e pensamentos. E o Rush também se expôs com a música “Bastille Day” que abre seu terceiro álbum de estúdio “Caress Of Steel”.

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Contextualização

A França de 1789 era liderada pelo rei Luís XVI, casado com a rainha Maria Antonieta. Antes de continuarmos, é preciso entender que a população era dividida em três níveis:

  • Primeiro Estado: formado pelo clero, ou seja, membros da Igreja como bispos, sacerdotes e cardeais;
  • Segundo Estado: membros da aristocracia francesa e nele estavam as famílias nobres em geral como o rei e a rainha;
  • Terceiro Estado: Eram eles camponeses, comerciantes, burgueses e representavam 97% da população francesa.

Essa divisão acarretava diferenças de privilégios em tudo que diz respeito à vida em sociedade, sendo o Terceiro Estado o único contribuinte do Estado além de seus membros sofrerem mortes mais sangrentas quando condenados.

Rush Bastille Day
O Terceiro Estado, o clero e a nobreza assumindo a dívida nacional. French Revolution. Engraving; 1789.

Não bastasse todo esse cenário, outros acontecimentos à época foram gradualmente contribuindo para um descontentamento geral desses trabalhadores. Foram anos de guerras que se somaram a uma forte crise no campo, elevando a inflação que já alcançava níveis astronômicos enquanto a dívida pública apenas aumentava – um verdadeiro caos, e a população exigia explicações.

A Revolta

Com a economia quebrada, os bancos obrigam o rei a contratar um ministro das finanças: Jacques Necker.

Rush Bastille Day
Jacques Necker

Altamente popular no terceiro Estado, Necker era uma das esperanças do povo frente ao governo de Luís XVI. E diante da crise fiscal francesa, o ministro insiste que o rei faça uma reunião do corpo representativo tradicional do Reino.

Cedendo ao pedido, o rei Luís XVI convocou no dia 24 de janeiro de 1789 todos os Estados para uma reunião afim de discutir e atenuar os problemas da crise. Em 5 de maio do mesmo ano acontece a Assembleia dos Estados Gerais, onde o terceiro Estado propôs que a Nobreza e o Clero pagassem impostos. Porém com um sistema de votos ainda injusto, onde cada Estado representava um voto; logo, o Terceiro Estado estava sempre em desvantagem, vista a aliança entre Primeiro e Segundo Estados para vetar as propostas que os desfavoreciam.

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Esse descontentamento levou à formação de uma Assembleia Nacional Constituinte por parte do Terceiro Estado, e que não deveria ser dissolvida até uma Constituição mais justa ser aprovada. Porém, Luís XVI tentou de várias formas atrapalhar o processo, provocando grande revolta e fortalecendo o sentimento de Revolução. Somado a esse sentimento, veio a demissão do popular ministro Jacques Necker e a opressão pelos guardas em Paris, culminando na queda da Bastilha em meados de julho.

A Bastilha

O Dia da Bastilha (14 de julho de 1789) é um marco histórico da Revolução, tendo sido a queda da prisão que funcionava na fortaleza, essa data é comemorada ainda hoje como uma festa nacional, onde ocorrem entre outras atrações, desfiles militares e fogos de artifícios.

Rush Bastille Day
Tomada da Bastilha. 1789

A Bastilha (Bastille) é uma região em Paris conhecida pela Praça da Bastilha e, principalmente, pela antiga fortaleza que ali havia. Era, naquele tempo, usada como prisão de criminosos, opositores ao governo e principalmente usada como depósito de armas do exército francês.

Com o clima descontrolado pelas ruas de Paris, o povo conseguiu invadir a fortaleza, libertando os presos que ali havia e o mais importante, coletando munições e armamentos para o andamento da revolução.

A história se desenrola entre muitos outros fatos importantes até a chegada de um instrumento mortífero rápido, barato e altamente simbólico que marcaria o fim de um regime político e colocaria toda a Europa em risco. 

A Letra

Rush Bastille Day

There’s no bread, let them eat cake
There’s no end to what they’ll take
Flaunt the fruits of noble birth
Wash the salt into the earth

Não há pão, que comam brioches
Não há fim para o que passarão
Ostentem os frutos da nobreza
Lavem o sal na terra

Nessa primeira estrofe abre com o verso fazendo referência à frase erroneamente atribuída a rainha Maria Antonieta quando informada sobre a falta de pães para os camponeses. E já vem seguida de versos demonstrando o pânico do povo.

Salgar a terra é a ideia de que se alguém espalhar sal em uma cidade destruída, isso traria uma maldição para qualquer um que tentasse reconstruí-la. Também a ideia de que salgando o campo de um fazendeiro isso deixaria o solo estéril por muitos anos.

Com “Bastille Day”, conseguimos sentir os furiosos vocais de Geddy Lee juntamente a trechos rápidos e explosivos evocando a atmosfera de ódio daquele período revolucionário.

O restante da canção usa o Dia da Bastilha como uma indagação onde,  uma vez que as massas se levantaram, os ideais da Revolução Francesa permanecerão? Essa análise é feita na penúltima estrofe da música:

Lessons taught but never learned

“Lições ensinadas, mas nunca aprendidas”

O instrumento que aterrorizou toda Europa, é destacado em toda a música, em especial na terceira estrofe, fazendo uma leitura dos então justiceiros levando à guilhotina os membros da aristocracia:

Ooh, bloodstained velvet, dirty lace
Naked fear on every face
See them bow their heads to die
As we would bow as they rode by

“Veludo manchado de sangue, rendas sujas
O medo nu em cada rosto
Veja-os curvarem suas cabeças para morrer
Assim como nos curvaríamos se eles passassem por nós”

Os maiores símbolos da Revolução francesa, a Bastilha e a guilhotina, são citados juntos na segunda, quarta e sexta estrofe. Dividindo o cronograma da letra em 3 tempos: a revolta, o terror na França e o olhar para o passado.

But they’re marching to Bastille Day
La guillotine will claim her bloody prize
Free the dungeons of the innocent
The king will kneel, and let his kingdom rise

“Mas eles estão marchando para o Dia da Bastilha
A guilhotina irá reivindicar seu prêmio sangrento
Livre os inocentes das masmorras
O rei irá se ajoelhar, e permitirá que seu reino se erga”

And we’re marching to Bastille Day
La guillotine will claim her bloody prize
Sing, o choirs of cacophony
The king has kneeled, to let his kingdom rise

“E nós estamos marchando para o Dia da Bastilha
A guilhotina irá reivindicar seu prêmio sangrento
Cantem, ó coros da cacofonia
O rei se ajoelhou, para permitir que seu reino se erga”

For they marched up to Bastille Day
La guillotine claimed her bloody prize
Hear the echoes of the centuries
Power isn’t all that money buys

“Por isso eles marcharam para o Dia da Bastilha
A guilhotina… clamou seu prêmio sangrento
Ouça os ecos dos séculos
Poder não é tudo que o dinheiro compra”