A morte de Brian Epstein, em 1967, foi um golpe devastador para os Beatles. O homem que os havia guiado desde o início, que era mais que um manager, um amigo, se fora. Perdidos e em busca de um novo sentido, os garotos de Liverpool se voltaram para a espiritualidade e estreitaram relacionamento com o guru Maharishi.
O encontro com o Maharishi
Foi nesse contexto que o Maharishi Mahesh Yogi entrou em suas vidas. O guru indiano prometia respostas, paz interior e um caminho para transcender o sofrimento. Para os Beatles, abalados pela morte de Brian, a meditação transcendental parecia a tábua de salvação perfeita. Era como se, ao se conectar com uma força superior, eles pudessem encontrar conforto e um novo propósito.
Após uma série de eventos marcantes, como a viagem à Grécia em busca de uma ilha para construir um estúdio e a gravação de “All You Need Is Love”, os Beatles se encontraram com o Maharishi em Londres. Atraídos pela promessa de encontrar respostas para suas dúvidas existenciais, eles decidiram participar de um seminário que o guru estava realizando em Bangor, no País de Gales.
Em Bangor, os Beatles mergulharam no mundo da meditação transcendental. Eles passaram dias ouvindo os ensinamentos do Maharishi e praticando as técnicas de meditação. A experiência foi intensa e transformadora para alguns membros da banda, que viam na espiritualidade uma nova forma de entender a vida e o universo.
A sombra da morte
No entanto, a felicidade e a esperança daqueles dias em Bangor foram abaladas por uma tragédia. No dia 27 de agosto de 1967, Brian Epstein, o talentoso gerente inglês, foi encontrado morto em seu apartamento em Londres. A notícia da morte de seu querido manager chocou os Beatles, que estavam imersos em um retiro espiritual.
A morte de Brian deixou um vazio imenso na vida dos Beatles. O manager, que havia desempenhado um papel fundamental na carreira da banda, era mais do que apenas um agente. Ele era um amigo, um confidente e uma figura paterna para os quatro jovens músicos.
A banda interrompeu o retiro e retornou a Londres para lidar com a perda de Brian. Antes de Paul ir embora de Bangor, ele perguntou ao Maharishi: ‘Nosso amigo morreu. Como lidamos com isso?’ Maharishi respondeu: ‘Não há nada que você possa fazer. Abençoe-o, deseje-lhe bem e siga em frente com a sua vida.’”
A morte de seu manager os fez questionar tudo o que haviam construído e tudo o que acreditavam.
A influência do Maharishi na música dos Beatles
A experiência com o Maharishi Mahesh Yogi teve uma profunda influência na música dos Beatles. O álbum “The Beatles”, também conhecido como “White Album”, lançado em 1968, é um claro reflexo dessa fase espiritual da banda.
No verão de 1967, em Gales, os quatro participantes de um curso de meditação transcendental, liderado por Maharishi Mahesh Yogi, foram convidados a acompanhá-lo em uma viagem até o retiro espiritual de Rishikesh, junto com suas respectivas companheiras e outros seguidores.
Longe dos holofotes, os Fab Four mergulharam em um universo de meditação e experimentação musical. A atmosfera mística do ashram, a companhia de outros artistas e a beleza da natureza indiana serviram como catalisadores para a explosão de criatividade que resultou em clássicos como ‘Dear Prudence’ e ‘Back in the USSR’.
A experiência transcendental da meditação, a observação da fauna local e até mesmo a presença de Mike Love, dos Beach Boys, inspiraram letras e melodias que transcendem o tempo. A canção ‘Why Don’t We Do It in the Road’, por exemplo, surgiu de uma observação bem humorada da natureza, enquanto ‘Dear Prudence’ revela a preocupação de John Lennon com a irmã de Mia Farrow, que se isolava em meditação profunda.
O fim da relação com o Maharishi
Com a exceção de Ringo Starr, que precisou retornar à Inglaterra antes do previsto devido a problemas de saúde, os Beatles e suas companheiras se entregaram à experiência espiritual em Rishikesh. As sessões de meditação transcendental e a atmosfera pacata prometiam ser o refúgio ideal para a banda no auge da Beatlemania.
No entanto, a harmonia inicial logo se desfez. Rumores sobre o comportamento inadequado de Maharishi Mahesh Yogi, incluindo possíveis avanços sexuais e uma excessiva ambição financeira, criaram um clima de tensão entre os músicos e o guru. A decepção com o líder espiritual foi um ponto de virada para os Beatles, que gradualmente perderam a fé no movimento transcendental.
Paul McCartney permaneceu no retiro por cerca de cinco semanas, enquanto John Lennon e George Harrison estenderam sua estadia por aproximadamente dois meses. A decisão de deixar Rishikesh antecipadamente foi marcada por um confronto com Maharishi, quando Lennon, em um gesto de ironia, teria respondido à pergunta do guru sobre o motivo da partida: “Se é tão cósmico, você vai saber”.
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Apesar da experiência ter sido marcada por decepções, a passagem dos Beatles por Rishikesh teve um impacto significativo na cultura popular. A cidade indiana se tornou um destino turístico para jovens em busca de experiências espirituais e a meditação transcendental ganhou ainda mais visibilidade. Maharishi Mahesh Yogi, por sua vez, aproveitou a fama dos Beatles para divulgar seus ensinamentos e, em 1975, chegou a estampar a capa da revista Time.
No entanto, a relação dos Beatles com o Maharishi não durou muito tempo. A banda acabou se desiludindo com o guru após algumas experiências negativas e controversas. A música “Sexy Sadie”, também do álbum “White Album”, é uma crítica explícita ao Maharishi, expressando a frustração e a decepção dos Beatles.
Conclusão
O encontro dos Beatles com o Maharishi Mahesh Yogi foi um momento marcante na história da banda. A busca espiritual que se seguiu deixou uma profunda marca na música e na carreira dos quatro integrantes. Embora a relação com o guru tenha sido breve e marcada por controvérsias, a experiência teve um impacto significativo na vida dos Beatles.
A morte de Brian Epstein, por sua vez, foi uma tragédia que abalou profundamente a banda. Sua ausência foi sentida por todos os membros, e o legado que ele deixou continua a ser celebrado pelos fãs até hoje.
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