A arte de reinterpretar músicas de outros artistas é quase tão antiga quanto a própria indústria musical. Artistas e bandas fazem covers por diversos motivos, mas o objetivo principal vai além de apenas recriar a melodia ou a letra. O cover permite que o artista imprima sua própria essência, deixando uma marca pessoal em uma obra que já é familiar para o público. Essa nova versão muitas vezes apresenta a música a uma nova geração ou estilo, e, em alguns casos, o cover se torna mais popular do que o original.
Essas reinterpretações podem ser vistas como uma homenagem ao artista original, uma maneira de reviver clássicos de uma forma única e significativa, além de permitir que a música atinja novos públicos. Por isso, muitos artistas gravam covers com o propósito de honrar suas influências, enquanto outros aproveitam a oportunidade para adicionar profundidade emocional e autenticidade à canção. Como resultado, o cover não só recontextualiza a obra, mas também celebra a criatividade ao reinterpretar algo que já existia, como podemos ver em icônicas regravações que listamos abaixo.
Para quem quer entender mais sobre como as reinterpretações musicais ganham vida e também métodos a considerar quando se pensa em fazer um cover, vale a pena conferir artigos espalhados e disponibilizados na internet como Mastering e Ditto.
Disclaimer: A lista a seguir foi criada sem critérios técnicos ou de vendas, refletindo apenas a opinião pessoal do autor sobre alguns dos covers que, gravados em estúdio, trouxeram novas camadas de interpretação e emoção às músicas originais. Vale lembrar que todos os covers mencionados foram produzidos em estúdio, não incluindo versões ao vivo ou apresentações ocasionais.
Covers Melhores Que Os Originais
1. The Sound Of Silence – Disturbed
Sim, a música original é perfeita, um clássico incontestável. No entanto, a banda Disturbed deu uma nova vida ao clássico de Simon & Garfunkel. Com uma interpretação sombria e intensa, David Draiman transformou a melodia suave e melancólica em algo épico. Sua voz poderosa e o estilo rock alternativo criaram uma experiência musical profunda e impactante, refletindo um senso moderno de inquietação social.
2. Knockin’ On Heaven’s Door – Guns N’ Roses
O Guns N’ Roses pegou a balada folk de Bob Dylan e deu a ela uma força de rock que capturou o espírito dos anos 90. O solo de guitarra de Slash e a energia vocal de Axl Rose fizeram dessa versão uma das faixas mais reconhecidas da banda, amplificando o sentido de angústia e redenção que a letra carrega.
Apesar da versão não ter agradado ao dono da composição, queiram ou não, ela ficou mais conhecida popularmente que a original.
3. Girl, You’ll Be a Woman Soon – Urge Overkill
A Urge Overkill trouxe um toque sombrio ao clássico de Neil Diamond, tornando-o uma peça-chave do filme Pulp Fiction. Devo confessar que talvez essa versão só esteja nessa lista pois houve forte influência do filme ao qual sou fã.
A reinterpretação indie adicionou um charme introspectivo e quase sombrio, apresentando a canção a uma geração que talvez nunca tivesse ouvido a versão original.
4. To Love Somebody – Eric Burdon and the Animals
Originalmente uma balada dos Bee Gees, “To Love Somebody” foi transformada por Eric Burdon e sua banda em uma peça de blues com peso e alma. A versão de Burdon traz uma profundidade emocional que captura as dores e as nuances de um amor não correspondido, tornando-a inesquecível para os fãs de rock dos anos 60.
5. Love Buzz – Nirvana*
Gravada originalmente pela banda holandesa Shocking Blue, “Love Buzz” ganhou uma nova vida com o Nirvana. Kurt Cobain e sua banda deram uma pegada crua e visceral à canção, tornando-a um dos primeiros marcos do grunge e conquistando o coração dos fãs de rock alternativo.
6. Hurt – Johnny Cash
Quando Johnny Cash regravou “Hurt”, do Nine Inch Nails, ele criou uma das interpretações mais emocionantes da história da música. Em sua versão, Cash transformou a música em uma balada introspectiva sobre arrependimento e redenção. A performance foi tão poderosa que até mesmo Trent Reznor, do NIN, considerou a versão de Cash, juntamente ao clipe, algo único e emocionante.
7. Mrs. Robinson – The Lemonheads
Para você que é fã do Simon & Garfunkel, nesse momento você deve estar deixando a página, visto que é a segunda música da dupla nessa lista, mas veja, em nenhum momento estou dizendo que a música original é ruim, muito pelo contrário, e nesse caso, a música do Simon & Garfunkel é muito mais conhecida do que a versão da banda The Lemonheads.
A banda trouxe uma energia de punk rock para esse clássico. Com uma abordagem mais rápida e descontraída, a versão dos Lemonheads capturou o espírito dos anos 90, apresentando a música para uma nova geração com atitude e frescor.
8. Cats in the Cradle – Ugly Kid Joe
A versão de Ugly Kid Joe deu uma nova vida ao clássico de Harry Chapin. Com uma dose extra de intensidade rock, a banda capturou a essência melancólica da letra, que aborda as consequências da ausência paterna, ressoando com ouvintes dos anos 90.
9. Out In The Fields – Primal Fear*
Originalmente composta por Gary Moore e Phil Lynott, “Out in the Fields” foi reinterpretada pela banda de heavy metal Primal Fear. Com riffs pesados e um vocal poderoso, a versão de Primal Fear enfatiza o tom de urgência e a temática contra a guerra de forma ainda mais intensa.
10. Cotton Fields – Creedence Clearwater Revival*
O clássico folk de Lead Belly ganhou uma interpretação marcante com a Creedence Clearwater Revival. Ao transformar “Cotton Fields” em uma balada folk rock nostálgica, o CCR deu uma nova profundidade à canção e a tornou um hino memorável, especialmente para os fãs de rock.
11. Saturday Night Special – Armored Saint*
Armored Saint adicionou um peso de heavy metal à música do Lynyrd Skynyrd, mantendo o tema sombrio sobre violência armada. A intensidade da versão de Armored Saint transforma a canção em um grito energético contra escolhas destrutivas.
12. With a Little Help From My Friends – Joe Cocker
Joe Cocker elevou a canção dos Beatles a um novo nível, com uma interpretação intensa e carregada de soul. A versão de Cocker se tornou ainda mais icônica após sua performance no festival de Woodstock, e hoje é amplamente reconhecida como uma das melhores reinterpretações dos Beatles, reconhecida até mesmo por Paul McCartney.
13. Turn the Page – Metallica
A banda Metallica trouxe uma pegada mais sombria e pesada ao clássico de Bob Seger sobre a vida na estrada. Com guitarras distorcidas e a voz rouca de James Hetfield, a versão da banda tornou-se uma reflexão crua e poderosa sobre a solidão e as lutas de um músico em turnê.
14. Como Nossos Pais – Elis Regina
Elis Regina imortalizou a canção de Belchior com sua interpretação intensa e emocional. “Como Nossos Pais” tornou-se um hino da MPB, capturando a essência de uma geração e se tornando uma das performances mais marcantes de Elis, repleta de significado e questionamento social.
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15. I Will Always Love You – Whitney Houston
A versão de Whitney Houston para “I Will Always Love You”, de Dolly Parton, se tornou uma das músicas mais icônicas de todos os tempos. Com sua voz poderosa e cheia de emoção, Whitney transformou a balada em um clássico pop que eternizou a música e marcou o filme O Guarda-Costas. É uma das interpretações mais reverenciadas até hoje.
Conclusão
Esses covers provam que a música é uma arte em constante reinvenção. Cada artista trouxe uma nova visão a essas canções, criando algo que ressoa profundamente com novos e antigos ouvintes. Muitas vezes, uma reinterpretação é capaz de capturar a emoção e a profundidade de maneiras inesperadas, transformando essas músicas em clássicos eternos e, em alguns casos, até superando as versões originais.
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Essas músicas mostram como o ato de regravar uma canção é mais do que uma homenagem – é uma forma de expressar uma nova verdade, trazendo algo único e poderoso à superfície.
*Sugestão do autor Jean da Silveira.
Formado em Publicidade e apaixonado pelo universo da música e das bebidas, Jefferson criou o São Gallö como um hobby, onde compartilha curiosidades e histórias fascinantes desses dois mundos.